Hemólise: O Que é, Como Acontece e Sua Interferência nos Resultados dos Exames Laboratoriais

A hemólise é um fenômeno que, embora pareça simples à primeira vista, é uma das principais fontes de erro nos exames laboratoriais. Sua presença nas amostras de sangue pode comprometer significativamente a qualidade dos resultados, afetando diagnósticos e, consequentemente, a saúde dos pacientes. Neste post, vamos explicar o que é a hemólise, suas principais causas e como ela impacta a interpretação dos exames laboratoriais.
O Que é Hemólise?
A hemólise é o processo de destruição das hemácias (glóbulos vermelhos), que libera o conteúdo intracelular das células para o plasma. Esse conteúdo inclui hemoglobina, proteínas e outros componentes das células sanguíneas. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente em algumas condições clínicas, mas, em sua maioria, é desencadeado por erros durante a coleta ou manipulação da amostra.
Quando as hemácias se rompem, a liberação de substâncias intracelulares pode causar várias interferências no exame. Uma das mais comuns é a diluição dos fatores de coagulação, o que pode alterar os resultados de testes de coagulação e prolongar ou encurtar os tempos de coagulação. Além disso, dependendo da gravidade da hemólise, pode haver dificuldades na detecção do coágulo, principalmente quando se utiliza sistemas óticos para a análise dos exames.
Por Que Acontece a Hemólise?
Embora existam condições clínicas que podem causar hemólise, a maioria das causas é in vitro, ou seja, relacionadas a problemas durante a coleta, transporte ou armazenamento da amostra. Entender as causas da hemólise é crucial para evitar erros laboratoriais e garantir que os exames sejam realizados corretamente. Aqui estão algumas das causas mais comuns de hemólise:
- Garroteamento Prolongado e Tapinhas no Vaso Durante a Coleta
O uso inadequado do garrote, especialmente quando mantido por muito tempo, pode causar trauma nas veias e nas células sanguíneas. Além disso, o hábito de dar tapinhas no vaso para facilitar a coleta pode danificar as hemácias, resultando em hemólise. - Agitação Excessiva do Tubo
Movimentos bruscos ou agitação excessiva do tubo após a coleta podem gerar uma pressão interna que rompe as hemácias. Isso é especialmente problemático, pois a agitação da amostra pode ser difícil de detectar visualmente, mas seus efeitos nas análises são significativos. - Inserção Incorreta da Agulha
A forma como a agulha é inserida no tubo de coleta também pode afetar a qualidade da amostra. Inserir a agulha de maneira inadequada pode gerar pressão excessiva ou causar danos diretos às células sanguíneas, resultando em hemólise. - Transporte Inadequado
O transporte da amostra também é uma etapa crítica. Expor as amostras a agitações fortes, mudanças bruscas de temperatura ou até mesmo ao contato direto com o gelo pode comprometer a integridade das hemácias, levando à hemólise. A amostra deve ser transportada com cuidado, em condições ideais de temperatura e em embalagens que evitem choques. - Coletas Traumáticas
Se a coleta for realizada de maneira inadequada, com dificuldade para encontrar a veia ou pressão excessiva, pode ocorrer um trauma nos vasos sanguíneos e nas hemácias, induzindo a hemólise. - Uso de Agulhas de Baixo Calibre
Agulhas de calibres muito pequenos (como as agulhas 23G ou inferiores) podem causar danos significativos durante a coleta, além de aumentar a probabilidade de hemólise. O uso de agulhas de calibres adequados, como as 21G a 23G, é fundamental para reduzir o risco de hemólise.
Como a Hemólise Interfere nos Resultados dos Exames?
A presença de hemólise nas amostras pode afetar os exames laboratoriais de diversas formas, prejudicando a interpretação dos resultados e, por consequência, o diagnóstico e tratamento do paciente. Algumas interferências comuns incluem:
- Impacto nos Testes de Coagulação
A hemólise pode alterar os resultados de testes de coagulação, já que a liberação de hemoglobina e outros componentes pode diluir os fatores de coagulação no plasma. Isso pode resultar em tempos de coagulação alterados, o que pode encurtar ou prolongar os testes, dependendo do grau de hemólise. - Interferência no Hemograma
O hemograma é um dos exames mais afetados pela hemólise. A destruição das hemácias pode alterar a contagem de glóbulos vermelhos, influenciar os resultados dos índices hematimétricos e até dificultar a análise de parâmetros como a hemoglobina, fazendo com que os resultados não sejam representativos da verdadeira condição do paciente. - Alteração nos Níveis de Eletrólitos e Outras Substâncias
A hemólise também pode alterar os níveis de sódio, potássio, cálcio e outras substâncias no plasma. A liberação do conteúdo intracelular das hemácias pode causar alterações significativas, interferindo nas dosagens de muitos analitos. - Dificuldade na Detecção do Coágulo
Quando a hemólise é intensa, ela pode afetar a detecção do coágulo, principalmente em sistemas óticos utilizados para essa análise. A presença de hemoglobina livre ou outras substâncias liberadas pode mascarar a formação do coágulo, levando a interpretações errôneas.
Como Prevenir a Hemólise?
A melhor maneira de evitar a hemólise é garantir que a coleta e o transporte da amostra sejam realizados corretamente. Aqui estão algumas práticas recomendadas para minimizar o risco de hemólise:
- Escolha da Agulha Adequada: Utilize agulhas de calibres apropriados (21G a 23G) para evitar trauma nas veias e nas células sanguíneas.
- Garroteamento Cuidadoso: Evite o garroteamento prolongado e, se necessário, solte-o logo após a coleta de sangue para evitar pressão excessiva nas veias.
- Agitação Suave: Após a coleta, manuseie os tubos de forma delicada e evite agitação brusca.
- Transporte Apropriado: Transporte as amostras em condições ideais de temperatura e evite contato direto com gelo ou agitação excessiva.
- Coletas Cuidadosas: Realize a coleta de maneira suave, sem causar trauma excessivo nos vasos sanguíneos.
A hemólise é uma das fontes mais comuns de erro nos exames laboratoriais e pode prejudicar significativamente a interpretação dos resultados. Ao compreender as causas dessa condição e adotar práticas adequadas durante a coleta e o transporte das amostras, é possível minimizar os riscos de interferência e garantir resultados mais precisos. Um diagnóstico correto depende de uma amostra de alta qualidade, e a atenção aos detalhes durante a coleta faz toda a diferença para a saúde do seu paciente.





